sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Zé Maria - Seis meses também



















Quando penso no Zé Maria, e principalmente quando olho para esta fotografia, sinto que a minha indignação pela sua vida roubada não desapareceu com os seis meses que passaram desde a sua morte.

Não encontro palavras de entendimento. Nem de desculpa. Deus, se existisse, teria muito por que responder: por maldade ou distracção.

Lembro-me de – tinha ele dez, doze anos? – irmos jantar juntos à cervejaria Galiza. Admirava-se por eu escolher uma salada de bacalhau. Já não me lembro do que ele pedia: um bitoque? uma francesinha? Gostava de poder dizer-lhe que já não gosto dessas saladas de bacalhau. Ele soltaria uma gargalhada. Mas que interessa?

O Zé Maria era um miúdo inteligente. Tinha imensa graça. Nos últimos tempos, tinha crescido, tinha amadurecido. Esta fotografia é a prova disso. Estava bonito.

Que desamparo! Feridas em carne viva. O silêncio, a ausência insuportável. Um enorme vazio.

Saudade, memória, desconsolo.

Penso na Vera, no Zé Maria Pai, no Pedro, Maria e Duarte.

Quanto tempo, até compreendermos? Nunca!