domingo, 22 de abril de 2007

O que há de mau em Portugal – Portas

É este o homem que os militantes do CDS escolheram, uma vez mais, para chefiar o seu partido – para seu líder, como gostam de dizer, numa palavra que une autoridade, prestígio e uma certa e enganadora virilidade. Assisti de longe, e sem grande interesse, a mais esta peripécia da política portuguesa: a do fatal regresso do cavaleiro andante, de um Portas bronzeado e de camisa aberta em campanha, e que já apareceu de gravata e fato mais escuro depois de ganhar estas eleições internas. Não consegui descobrir nem sequer um início de resposta à pergunta simples que Judite de Sousa lhe colocou na Grande Entrevista em que explicou as razões da sua recandidatura: «Derrotado em 2005, por não ter obtido os 10% dos votos que pretendia, porque pensa que pode consegui-los agora?» Pertinente, com efeito! Mas o objectivo de Portas é simplesmente voltar - voltar ao Parlamento, ao partido, à ribalta. Ele é um homem que fala de empresários e criação de riqueza, de inovação, de cultura, da modernidade e de ideias - mas (se não contarmos algumas infelizes experiências em centros de sondagens) que nada sabe fazer senão política politiqueira. Portas pensa poder aproveitar a fraca liderança de Marques Mendes para se impor como chefe (é seu este gosto por palavras fortes) da direita portuguesa. Pretende, numa primeira fase, aparecer como o principal opositor parlamentar de José Sócrates. Mas não traz nem visão, nem objectivos, nem estratégia, nem meios: nada. Ou melhor, traz-se apenas a si próprio: oferece-se (sacrifica-se?) aos militantes do CDS, ao povo português. É, cada vez mais, um homem político que apenas existe na televisão. O problema, que não tardará a descobrir, é que as pessoas se fartam. O CDS, que nunca foi particularmente rico em ideias ou em coerência, empobreceu ainda mais. Definhará e desaparecerá, de morte natural, sem ninguém dar por isso. Em pouco tempo!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Portas tirou do caminho Manuel Monteiro, a sua criatura, até que chegou ao Governo, onde esteve com Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, entre 2002 e 2005. Foi ministro de Estado, da Defesa e daquela "coisa um pouco vaga" que é o Mar, para usar uma definição do próprio Paulo Portas... Em 2005, o "furacão" José Sócrates deixou o CDS/PP abaixo dos 10 por cento e Portas foi à sua vida. Foi, não, disse que ia. Mas nunca foi. Andou sempre por aí. Até arrumar com José Ribeiro e Castro. Sócrates que se cuide...

22 abril, 2007 17:41  

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