quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ingrid Betancourt - livre finalmente

Há poucos minutos, o governo colombiano anunciou a libertação de Ingrid Betancourt, três reféns norte-americanos e onze militares que se encontravam sequestrados pelas FARC há longos anos. Ingrid Betancourt, cujo destino comoveu a França e a Europa, foi raptada em Fevereiro de 2002: há mais de seis anos, passados em condições desesperadas. Disse-se, nos últimos tempos, que a sua saúde era frágil mas o reencontro com o seu marido, os seus filhos meio-franceses dum anterior casamento (uma rapariga e um rapaz, Melanie e Lorenzo, que não viu crescer), a sua família e os seus amigos poderão fazer milagres e ajudá-la a recuperar rapidamente, como aconteceu com outros sequestrados: recordo em particular Jean-Paul Kaufmann, jornalista e escritor francês raptado no Líbano, que retomou a sua vida e escreveu um magnífico «La chambre noir de Longwood», em que acompanhava os passos de Napoleão em Santa Helena. Lembro-me de Ingrid Betancourt na altura em que foi capturada: candidata do Partido do Ambiente à eleição presidencial, na altura em que ganhou o actual Presidente, Álvaro Uribe, apareceu frequentemente na televisão francesa, demonstrando grande lucidez, arrojo e valentia. Nessa altura, a Colômbia era quase uma coutada privada dos grandes barões da droga, das forças de extrema-direita (a que se encontrava ligado o actual Presidente) e das FARC: era um país sempre adiado. Sem nenhuma possibilidade realista de ganhar, Betancourt lançou no entanto pedradas no charco podre da vida política colombiana e fez declarações extremamente corajosas denunciando a corrupção que dominava o país, aqueles (muitos, principalmente na extrema-direita) que faziam o seu caminho entre a política e os negócios de droga e a violência das FARC. Não era uma mulher política pronta a compromissos e foi aliás a sua valentia pessoal, aliada a uma ousadia provavelmente exagerada (o governo tinha-lhe recomendado que não se deslocasse ao território em que dominava a força de extrema-esquerda), que conduziu à sua captura. É agora finalmente libertada. Muito tarde, sem dúvida, mas ainda a tempo para continuar a sua batalha, pelo menos de acordo com as imagens que acabo de ver dela, que a mostram em razoável estado de saúde física e com uma força de convicção que impõe respeito e desperta emoção. Cabe-nos um pensamento de alívio dirigido principalmente ao seu marido e seus filhos que aguardaram tanto tempo este momento.