segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Dois concertos de Mozart por Maurizio Pollini

Qualquer disco de Maurizio Pollini é um acontecimento. Eu sei que alguns críticos dizem que Pollini só foi grande quando era novo mas não me conto entre essa gente. Não conheço quem modernamente toque Schumann de maneira igual (talvez Marta Argerich) e as sonatas de Beethoven que gravou nos últimos tempos parecem-me, em geral, superiores às dos outros pianistas modernos (com a possível excepção de Stephen Kovacevich no que respeita às sonatas nºs 21 «Waldstein» e 32 - a última de todas, considerada uma espécie de testamento espiritual de Beethoven.)

Nestes concertos para piano e orquestra de Mozart (nºs 17 e 21), Pollini dirige do piano a Filarmónica de Viena. Esta orquestra foi recentemente considerada, numa votação das revistas francesas e inglesas de música clássica, como a melhor do mundo, à frente do Concertgebouw de Amesterdão e da Filarmónica de Berlin (a formação dirigida por Karajan, se bem se lembram). A Filarmónica de Viena é um caso particular entre as orquestras actuais por ser uma das únicas (e a única entre as melhores) que não tem maestro titular.

Nesta gravação, o som dos músicos de Viena é magnífico, íntimo e preciso. E Pollini, ao piano, dá às obras de Mozart uma espécie de serenidade poética, discreta e tocante. No caso do concerto nº 21, esta opção é inatacável. No caso do concerto nº 17, podia pedir-se uma maior leveza, um sinal de maior alegria, uma ideia de que pianista e orquestra estivessem predispostos a brincar. Mas é uma crítica menor diante da arte de Maurizio Pollini, artista e cidadão.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá
Dizer que este grande senhor só foi grande quando era novo parece-me uma grande ...... Ouvio-o este ano - fiquei com vontade de o ir "apalpar", ir ver se era real, se aquilo não estaria a acontecer na minha imaginação. A precisão, a inteligência do seu tocar, lindo, lindo, não há excessos, há uma beleza contida, há trabalho e mais trabalho, tudo ao serviço de um som magnífico, de uma beleza que eu nunca tinha presenciado.

miana

05 outubro, 2006 21:29  
Anonymous Anónimo said...

É um músico grandíssimo eu conhecei no tempo da minha vida em Milano sozinha e jovem 1973 - 74 - 75 e foi a pessoa junto a Dario Fo que mais ajuda dera -me a suportar a neblina de essa cidade. Ele jogava para o estudante, fazia preços políticos e convidava a pequenina como eu a sentar-se no mesmo tablado .
Que posso dizer! Adoro!
Dizem de ele que é um pianista racional um arquitecto de estruturas lógicas Ele diz "isto é um cliché no qual eu não me reconheço . Eu aponto principalmente a cosas que podem verdadeiramente dar-nos jubilo".
"Não se pode falar de uma leitura objectiva da partitura, ele diz " há certo o respeito dos sinos do compositor .
Mais afora disso conta a primeira qualidade da escuta, a mais direita, imediata e também selvagem
Como podemos saber si temos comprendido o sentido de uma musica? Da emoção que nos procura . É um critério subjectivo mais é o único que funciona verdadeiramente".
Lucia
Scusate se ho distrutto la vostra lingua.

11 outubro, 2006 11:34  
Anonymous Anónimo said...

Para saudar a presença da Lucia, minha amiga italiana, que me acompanha aos concertos em Bruxelas

12 outubro, 2006 21:57  

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