Simão Sabrosa
A primeira imagem do telejornal da uma da tarde de hoje foi esta: Simão a chorar. (Passados poucos segundos, tivemos, aliás, direito a repetição das frases e das lágrimas.) Ouvimos o jogador dizer que ia oferecer a última camisola que vestiu ao serviço do Benfica «ao Presidente, (...) grande amigo.» E, mantendo a veia poética, Simão acrescentou que vai «recordar a história» esperando «ser tão feliz» no Atlético de Madrid como o foi no clube que agora deixa. Simão disse ainda que gostaria de regressar um dia e anunciou que «agora, vou ser apenas adepto (do Benfica) e vou torcer para que a equipa continue a ganhar.» O que terá decerto animado Fernando Santos, a quem o Presidente (para não haver confusões, trata-se de Luís Filipe Vieira e não de Cavaco Silva) já tinha dito que se aguentasse porque nenhum treinador, em nenhum clube do mundo, se poderia queixar do plantel que o Benfica tem.
Tudo bem. O jogador vai para onde lhe pagam mais ou lhe oferecem melhores condições. Nada a dizer! O futebol é um negócio, Simão é um profissional, e nestas palavras não há nenhuma intenção pejorativa.
Mas será necessário começar um telejornal com uma notícia destas? Isso não acontece, que eu saiba, noutros países europeus. Seria impossível no Reino Unido e não sucede nem em França nem na Bélgica. Não sei como se passam as coisas em Espanha e Itália mas custa-me a acreditar que a transferência de um jogador mereça estas honras de primeira página nas televisões. Porque será que estas coisas ocorrem em Portugal? Como dizia O’Neill: «Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo. (...) Ó Portugal se fosses só três sílabas / de plástico que era mais barato.»
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