segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Margarida Rebelo Pinto - Texto e comentários

Às vezes, fico mesmo irritado.

Estava à procura no Sol de comentários sobre a vitória de Luís Filipe Menezes nas eleições do PSD, e dei por mim a visitar o blogue de Margarida Rebelo Pinto. (Recuso-me a dar-vos o endereço do site. Se quiserem, vão procurá-lo sozinhos.) Deparei com a seguinte prosa (meus comentários entre parênteses e em itálico):

«Não fui ao Estádio Nacional apanhar vento e ouvir o mítico trio dos Police, mas a doce memória da minha adolescência (Referências culturais: Camões e Bernardino Ribeiro!) não podia ficar indiferente perante este súbito regresso ao passado (Referência cultural: Micahel J. Fox e «Regresso ao Futuro»). De repente, senti-me outra vez com 14 anos, vestida de anorak de penas e botas de carneira a caminho da paragem do (autocarro) 15 para o Liceu Maria Amália (Corajosa confissão que já ninguém faz! Tudo isto é levemente possidónio!).

«Ser adolescente no início dos anos 80 era um bocado chato (São opiniões. Como se verá mais tarde, MRP acha que era melhor ser adolescente mais cedo.). Não havia televisão por cabo (conferir infra) e o Boy George era mais popular do que a Madonna. Só isto já mostra como esta época foi negra (O reino de Darth Vather.) Recentemente comprei o DVD do Blade Runner e foi então que me apercebi até que ponto os 80 foram uma década pesada, com as influências punk e new wave por todo o lado (MRP: Viu mesmo o «Blade Runner»?).

Hoje os miúdos de 15 anos sabem muito mais sobre muito mais coisas do que nós sabíamos ou sequer imaginávamos com a mesma idade (De certeza? Aconselho-lhe a leitura de Balzac!). Naquele tempo, como se diz na Bíblia, as meninas ainda eram controladas a rédea curta por pais ferozes ou irmãos mais velhos dominadores (Palavra?). Num concerto dos Cheap Trick a que assisti com o meu irmão e um candidato a namorado, foi por pouco que o desgraçado não levou uma pêra (Ainda bem que não passou de candidato… Ele não valia a pena! Se bem que, consigo... Afinal, talvez tenha fugido!).

Até que ponto mudou a mentalidade em Portugal? Com mais ou menos morangos (Nova referência cultural: série da TVI «Morangos com Açúcar») e mais ou menos acesso a pornografia pela net (Ainda uma referência cultural que, desta vez, não consigo identificar), como vê a nova geração as relações amorosas? (Se MRP fala das suas, a resposta é: com compreensível enfado.) Uma elevada percentagem é filha de pais divorciados (O tempora, o mores!). Qualquer miúdo com dez anos usa a palavra gay com a mesma facilidade com que usa a palavra gomas (De certeza? E com o mesmo gosto? Então, o mundo está perdido!). Na minha família, tal conceito nunca foi sequer aflorado (Gente fina é outra coisa!), pelo que só me apercebi da existência de pessoas que se apaixonavam por pessoas do mesmo sexo já perto dos 20 anos (MRP só descobriu ao 20 anos o que não era falado em família? Se é assim, tudo se explica!)

Mas naquele tempo também existiam outros encantos (Ah! enfim! Mas é impossível: não havia televisão por cabo!). Como só nos podíamos comunicar por bilhetinhos, cartas ou através do telefone fixo, era tudo mais lento (Bom, bom!), mais difícil (Que desilusão!) e muito mais poético (Hum!). As meninas passavam a vida (Nem sequer iam à praia! Cruel fado, em Portugal!) fechadas na divisão mais recôndita da casa a namoriscar ao telefone, graças a um fio muito comprido (Poético?). Na minha casa, o local preferido era a dispensa (Que sorte! Que cheiro!), pelo que namorei muitas horas mano-a-mano com garrafas de azeite e pacotes de farinha Amparo (Pelo menos, ninguém a interrompia!). E as pessoas passavam mais tempo juntas, porque estar em casa não era sinónimo de estar no messenger a conversar (Peço desculpa mas, se bem compreendi, era sinónimo de estar na dispensa a conversar com o namorado!)). No fundo, éramos muito mais livres (Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaauuuu. Bem no fundo, de certeza!). O meu eterno namorado de adolescência telefonava duas ou três vezes por semana para irmos beber café ou assistir a um filme (Só? Ainda bem que acabaram cedo.). Nunca combinava a que horas ligava, por isso se eu não estivesse em casa, paciência (E ele? Coitado! Às tantas, cansou-se.). Por outro lado, porque as pessoas se encontravam mais (Não compreendo: certamente que não naquelas alturas em que a menina não estava em casa?), havia menos teatro nas relações. Atrás das teclas de um computador ou de um telemóvel podemos criar personagens; ao vivo é que é mais difícil (Para esta frase brilhante, MRP baseou-se nas conclusões do célebre estudo psico-sociológico efectuado por uma equipa da Universidade do Utah com o título: «A influência da comunicação virtual no desenvolvimento harmonioso da relação interpessoal e da personalidade»).»

Por favor, salvem-me.