domingo, 11 de novembro de 2007

Norman Mailer (1923-2007)

Quase nada tenho a dizer sobre Norman Mailer, que morreu ontem, aos 84 anos. Dele, li, antes dos meus 20 anos, ou seja, há uma eternidade, The Naked and the Dead, que é um livro poderoso sobre a II Guerra Mundial, adaptado ao cinema em 1958 por Raoul Walsh – mas nada mais. Acompanhei alguns episódios da sua vida com um crescente distanciamento: as suas posições anti-feministas sempre me pareceram disparatadas. Conheço-o mais pelas histórias que Gore Vidal sobre ele conta no seu livro de memórias Palimpsest do que por qualquer outra coisa. O seu último romance, sobre a infância de Hitler, recebeu críticas unanimemente negativas. Não o li. Mailer representava uma geração bem americana de autores que eram, ao mesmo tempo, romancistas, jornalistas e críticos (e normalmente homens de esquerda, com o que isso tem de particular no cenário político norte-americano), de que se destacaram, ainda, o próprio Vidal, Tenessee Williams e Truman Capote (que não era de esquerda e era parvo). A vida da maior parte desta gente alimentou as crónicas sociais do tempo, numa altura em que escritores e jornalistas se misturavam alegremente com estrelas de Hollywood e homens (não havia mulheres) políticos. Esta época acabou - não se sabe se para bem se para mal. Hoje, os romancistas dão a impressão de serem, como pessoas, mais anónimos e menos interessantes. Mas isso diz certamente mais sobre o tempo em que vivemos do que sobre os homens que o habitam.