Carta aberta ao Presidente do BCP
Senhor Presidente do Conselho de Administração do BCP,
Os signatários foram surpreendidos pelas declarações do Conselho de Administração que V.Exa. dirige, quando um seu porta-voz afirmou, em comentário ao perdão de dívida concedido ao Sr. Filipe Jardim Gonçalves, filho do Presidente do Conselho de Supervisão do BCP, que esse seria o «procedimento normal» para casos deste tipo.
Ora acontece que, no caso dos signatários, tal procedimento «normal» não foi seguido, nem no que respeita à concessão do crédito, nem relativamente à sua cobrança.
Com efeito, na altura da aprovação da decisão de financiamento, foram exigidas dos signatários garantias reais ou pessoais, incluindo mesmo avales prestados pelos seus cônjuges, e isto para operações inteiramente ligadas às suas actividades empresariais. Aliás, conhecendo a actuação da banca comercial no nosso país, não podem os signatários deixar de estranhar que tivessem sido concedidos créditos que atingiram 12 ou 15 milhões de euros a uma empresa que, segundo as notícias vindas a público, possuía um capital social de apenas 55 mil euros. Nem sequer parece que este tipo de acções reflicta uma adequada gestão financeira e, fossem os signatários accionistas ou depositantes do BCP, crêem que teriam o direito de se encontrar legitimamente preocupados.
Na fase de cobrança, o tratamento dos signatários foi, se possível, ainda mais diferente daquele que o Conselho de Administração que V.Exa. dirige considerou «normal»! Muitos dos signatários viram penhorados os seus ordenados e os dos seus cônjuges, outros tantos perderam as casas onde habitavam, quase todos deixaram de poder beneficiar das condições de vida que eram as suas antes da situação de cessação de pagamentos, muitos deles encontram-se em situações de miséria ou de miséria envergonhada. Nenhum deles tem conhecimento de que, alguma vez, o banco tivesse aceite, muito menos proposto, um qualquer perdão de dívida - que abrangesse o capital ou, mesmo apenas, os juros. Antes pelo contrário, viram acrescentar-se à divida juros de mora e comissões várias que apenas contribuíram para tornar mais difícil a sua situação. Na maior parte dos casos, encontram-se em situação de insolvência e, como V.Exa. compreenderá, não dispõem sequer da possibilidade de pedir apoio a pais ou familiares com fortuna pessoal e aviões à disposição.
Por estas razões, os signatários solicitam a V.Exa. a reapreciação dos seus processos com vista a um eventual perdão de dívida e esperam, da parte de V.Exa., a mesma compreensão demonstrada em relação ao filho do seu antecessor.
Com os melhores cumprimentos.
(Assinaturas identificadas)
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