segunda-feira, 23 de abril de 2007

Outra coincidência notável














John Adams (à esquerda) e Thomas Jefferson, segundo e terceiro Presidentes dos Estados Unidos, também morreram no mesmo dia. Foram rivais. Jefferson, Vice-presidente de Adams (numa altura em que o Vice-presidente era automaticamente o segundo mais votado pelo colégio que elegia o Presidente dos Estados-Unidos, independentemente dos laços políticos que o ligassem a quem fosse eleito para a presidência – na verdade, na maioria dos casos, o Vice-presidente vinha do partido oposto ao do Presidente: daí a tradição de os Presidentes normalmente desprezarem, ou mesmo combaterem, os Vice-presidentes), manobrou de forma a impedir Adams de obter um segundo mandato na eleição de 1800. Este nunca lhe perdoou embora, nos últimos anos da vida de ambos, a memória das lutas pela independência dos Estados Unidos, o esbatimento da sua oposição política e a sua condição comum de elder statesmen, os tenha aproximado. Adams foi embaixador na Grã-Bretanha, Jefferson, embaixador em França, Adams, Vice-presidente de Washington (e, consequentemente, o primeiro Presidente do Senado norte-americano), Jefferson, seu Secretário de Estado (equivalente a Ministro dos Negócios Estrangeiros.) Embora fosse um espírito independente, Adams encontrava-se mais próximo dos Federalistas de Alexander Hamilton (que também fez parte do Governo de Washington, como Secretário do Tesouro, e havia de ser morto em duelo por Aaron Burr, uma outra personagem notável desses tempos, Vice-presidente de Jefferson e condenado por traição enquanto exercia o cargo) do que dos Democratas-Republicanos de Jefferson. A título de curiosidade, refira-se ainda que Adams foi também o primeiro Presidente a ocupar a Casa Branca. Enfim, histórias para contar au fur et à mesure!

O que é ainda mais extraordinário é que Adams e Jefferson morreram ambos a 4 de Julho de 1826, no preciso dia em que se comemoravam os 50 anos da Declaração de Independência dos Estados Unidos, que Adams, mas não Jefferson (na altura em Paris), tinha assinado em Filadélfia. Os contemporâneos consideraram formidável esta coincidência. Diziam que ambos tinham ardentemente esperado por esse dia para se deixarem morrer e, principalmente, por causa da sua antiga rivalidade, que nenhum deles tinha querido que fosse o outro a ter sozinho a honra de morrer no dia em que se comemorava a obra de ambos.