Wimbledon 2008 - A primeira vitória de Nadal
Creio que, se estivesse no lugar de Federer, e depois de digerida a enorme desolação de não conseguir uma sexta vitória em Wimbledon, alcançando novo recorde de vitórias sucessivas e ultrapassando o recorde velho de vinte e oito anos de Björn Borg, teria gostado que a minha primeira derrota em finais neste torneio tivesse vindo depois dum jogo como o de ontem.
Na mais disputada final de Wimbledon nos tempos recentes (e, provavelmente, numa das mais emocionantes e de maior qualidade de jogo de sempre – a par provavelmente da mítica final de 1980, em que Borg derrotou McEnroe pela última vez e em que houve um tie-break que terminou com o resultado de 18-16. Borg perderia para o mesmo McEnroe em 1981 num jogo a que também assisti), Nadal acabou por se impor depois de Federer ter desperdiçado várias oportunidades nos dois primeiros sets, apenas para se recompor e ganhar os dois seguintes com dois tie-breaks de antologia, mostrando, pela primeira vez nesta época difícil para ele, uma combatividade que parecia faltar-lhe. Mas, depois de 4 horas e 48 minutos de jogo, Nadal mereceu cabalmente a sua vitória e mostrou a toda a gente (eu incluído) que não é apenas um jogador de terra batida mas um grande jogador tout-court que cedo chegará a número 1 mundial.
Foi um jogo espectacular, com momentos de ténis que pareciam do outro mundo. Pouco tempo antes do fim, como dizia um dos comentadores ingleses, os dois jogadores ainda tiveram forças para realizar os dois passing-shots mais bonitos do torneio e, provavelmente (pelo menos, o de Nadal), os melhores desta época. Acabou por vencer a maior força física de Nadal, numa altura em que Federer acusou certo cansaço que o levou a algumas pequenas imprecisões nos últimos jogos que, contudo, teriam passado despercebidas face a qualquer outro jogador que não Nadal.
Partidário ferrenho de Federer, que considero um dos melhores jogadores de todos os tempos e o que tem o ténis mais bonito de sempre, tenho-me rendido pouco a pouco à qualidade de Nadal. Por isso, a sua vitória não me desiludiu. Aliás, depois deste jogo, nada me podia desiludir. Que extraordinário espectáculo, a provar que, nestas ocasiões, não há mais belo desporto que o ténis.
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