terça-feira, 2 de junho de 2009

Vital Moreira e o BPN - Explicação

Na sua coluna no Público de hoje, Vital Moreira vem explicar a sua posição relativamente ao caso BPN e ao envolvimento do PSD. Como o critiquei fortemente aqui neste blogue, no meu comentário de 31 de Maio, cumpre-me dar nota dessa explicação, que coloca o problema em termos com os quais concordo genericamente. Falei, pois, apressadamente, com base nos comentários de Pulido Valente e José Manuel Fernandes; ou então foi Vital Moreira foi pouco claro nas suas declarações iniciais. De qualquer maneira, fico contente por poder esclarecer esta confusão já que, como sempre disse, a personalidade do professor coimbrão me é verdadeiramente simpática.

Aqui fica, então, a explicação de Vital Moreira:

«Com efeito, não imputei ao PSD a responsabilidade do "caso BPN", nem sequer lhe pedi contas sobre ele. Sei bem que nenhum partido pode ser politicamente responsabilizado pela má conduta profissional ou empresarial de militantes seus, salvo quando no exercício ou a coberto de cargos partidários, o que não foi o caso. O que eu disse, e mantenho, é que, tendo em conta a responsabilidade directa de conhecidas figuras gradas do PSD na gestão do BPN e da entidade que o detinha (a SLN), incluindo antigos dirigentes e membros do Governo, o PSD devia emitir a sua opinião política sobre a questão, condená-la e demarcar-se dela, incluindo a censura daqueles. Há silêncios que comprometem. Se se mantiver silencioso, como é que vai poder elidir a alcunha popular do BPN como «o banco do PSD»?

Se os partidos políticos não podem ser responsabilizados pela censurável conduta extra-partidária dos seus militantes, já é exigível que se distanciem dela quando seja especialmente lesiva dos interesses públicos e comprometa politicamente o partido. Desde logo, para defender o seu bom-nome e a sua dignidade institucional. No caso concreto, aliás, como é que o PSD pode manter-se silencioso, quando um dos referidos responsáveis na história do BPN/SLN se sentiu obrigado a renunciar ao cargo de membro do Conselho de Estado, para não continuar a lesar a imagem desse órgão e a embaraçar o Presidente da República? O que comprometia o Conselho de Estado não compromete também o partido de que ele foi dirigente e ministro e de que continua a ser militante eminente? Quantos militantes do PSD se sentem confortáveis com a companhia política dos protagonistas do BPN/SLN?
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Quanto a um evcentual «pacto de silêncio» que o candidato foi, segundo ele, noutra parte do mesmo artigo, acusado de ter violado ao falar da «roubalheira» no BPN, apresso-me a esclarecer que essa foi uma crítica que nunca lhe fiz e que me parece completamente despropositada. Em democracia, esses pactos não existem; ou, pelo menos, não deveriam existir!