sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sono, tempo, Dico, livros

Dormi mal mas estou bem-disposto. Tempo ainda enevoado mas, se acreditarmos na televisão belga, a melhorar durante o dia e no fim-de-semana.

Amanhã, Dico vai para a Suíça para começar os seus estudos de hotelaria. É um passo enorme, uma oportunidade, um desafio. (Quando voltar, já saberá fazer a cama e preparar refeições). Sinto alguma nostalgia antecipada por o ver partir: a casa ficará muito mais vazia sem os amigos que entram sem mesmo me verem, com a chave atirada pela janela, sem os seus berros diante da Xbox, sem o seu muay-tai e a Mimi, sem os seus jantares em tabuleiros levados para o quarto, e tantas outras coisas. Mas estou contente. Foi sempre isto que o Diogo quis fazer. Boa sorte, filho. E até Novembro ou Dezembro.

Livros. Desculpas ao Carlos, mas ainda não encontrei força para começar o Pedro Páramo, de Juan Rulfo. É um livro complexo, pelo menos do que me apercebi da sua estrutura temporal (no prefácio de Garcia Marquez, diz-se que Costa Rós "fez há pouco tempo uma tentativa fascinante de (...) estabelecer os tempos das suas criaturas") e a minha cabeça anda distraída.

Estou a ler um bom romance de Luis Landero, um escritor espanhol, para mim pouco conhecido. Chama-se Jogos da Idade Tardia e, para além de uma intriga original, a linguagem é estupenda e com o seu quê de barroco, como que a disparar para todos os lados.

Ao mesmo tempo, releio os Cem Anos de Solidão e, amanhã, vou buscar a uma livraria o Outono do Patriarca. Não sei onde meti a minha cópia. Também passo os olhos pelo último volume da série Pepe Carvalho (Milénio), de Manuel Vasquez Montalbán, obra póstuma onde o autor, vestido de personagem, faz a sua viagem de despedida por cidades e ideias, que é, também, um passeio culinário.

Poesia. Sophia e Pedro Tamen. Procuro, desesperado, os poemas de Eugénio de Andrade e a Antologia da Poesia Portuguesa, por ele organizada. Uma antiga mulher-a-dias, bastante simpática com esta excepção, ao limpar as estantes, desorganizou-me de tal forma a biblioteca que, de cada vez que procuro um livro, demoro meia hora para o encontrar. Se o consigo. Bruta sorte.