Margaret Atwood sobre Pamuk
Margaret Atwwod é uma escritora canadiana, cujo livro The Blind Assassin, a que já me referi neste blogue, ganhou o Booker Prize em 2000. Publica hoje no Guardian um breve artigo sobre o novo Prémio Nobel, de que traduzo algumas frases.
«Por vezes, as suas personagens são quase literalmente dilaceradas pelas escolhas que são forçadas a fazer sem saber como fazê-las. A sua força, como romancista, decorre em parte da sua recusa em julgar essas decisões: a tragédia das suas personagens é que, seja qual for o rumo que tomem, não conseguirão alívio; e, pior, que é irremediável que sejam condenados por algum outro membro da sociedade em que vivem. (…)
Assim, os heróis de Pamuk (tipicamente heróis, não heroínas) vagueiam através dos enredos dos seus livros como se estivessem presos nas malhas de um sonho particularmente angustiante e ameaçador. (…) Não é raro que os protagonistas de Pamuk morram às mãos de desconhecidos. (…)
Pamuk dá-nos o que os melhores romancistas nos dão: a verdade. Não a verdade das estatísticas mas a verdade da experiência humana num lugar particular, num tempo particular. Como em toda a grande literatura, sentimos, por momentos, que não somos nós que observamos o autor, mas que é ele que nos observa. «Ninguém consegue compreender-nos a olhar-nos de tão longe» diz uma das personagens de Neve.»
E provavelmente para reduzir essa distância que Pamuk escreveu os seus livros.
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