segunda-feira, 12 de março de 2007

Um poema de Jorge de Sena


















Frank Dicksee - Romeo and Juliet (1884)


Fidelidade

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.

(In Fidelidade, escrito em 26 de Agosto de 1956)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quase Nada

O amor
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz.

eugénio de andrade, primeiros poemas, 1940-44

12 março, 2007 16:58  
Anonymous Anónimo said...

Nao sei se gosto deste poema. Acho--o triste, conformado e fatalista. Nao me agrada a ideia de haver uma fidelidade ao destino. O futuro constroi-se, com esforço, com fidelidades a pessoas e principios. So a morte tem a ultima palavra.
A solidao nao é um destino mas uma escolha. Nem de os destinos se viverem como outra vida.
Par contre gostei da gravura do Romeu e Julieta. Historia de uma paixao, que acaba tragicamente. Destino? Nao, escolha de quem escolhe morrer por amor.

21 março, 2007 15:14  

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