Libertação de Alan Johnston

Durante três meses, Johnston não viu a luz do dia. Os seus carcereiros eram muitas vezes «duros e desagradáveis.» Esteve detido em vários locais diferentes: uma vez, num quarto com casa de banho; outra vez, com possibilidade de utilizar uma cozinha ao lado do quarto, com um frigorífico. Os raptores pertenciam a um grupo djihadista. Finalmente, Johston foi libertado com a ajuda do Hamas.
Esta manhã, ao ter conhecimento da sua libertação, lembrei-me de Jean-Paul Kaufmann, que esteve em cativeiro durante três anos, no Líbano, entre Maio de 1985 e Maio de 1988. Recordo as imagens da sua libertação e o seu ar, ao mesmo tempo espantado e feliz, quando viu o seu filho, três anos mais velho, diferente, crescido. Numa entrevista recente, Kaufmann diz que se considera como um sobrevivente, o que o leva a apreciar de forma diferente cada momento da vida, cada minuto roubado a essa morte que viu perto. Mas, ao mesmo tempo, há algo que se quebrou definitivamente. Existe uma linha que divide a sua existência «entre um antes e um depois.» Nunca esquecerá: a recordação do cativeiro é «como uma cicatriz.» Pode-se viver com ela mas ela não desaparece.
Depois de libertado, Jean-Paul Kaufmann escreveu um livro sobre os últimos dias de Napoleão, deportado na ilha de Santa Helena sem esperança de regresso à Pátria, associando uma investigação histórica a uma reportagem sobre a sua visita à Santa Helena dos nosso dias, misturando passado e presente, livro de História e reflexões pessoais. Santa Helena fica a mais de mil e oitocentos quilómetros da costa mais próxima. Ainda hoje, os seus habitantes se comportam, em certos casos, como prisioneiros ou pelo menos como exilados. Napoleão sabia que morreria lá. O que dá particular valor ao livro é a compreensão íntima que Jean-Paul Kaufmann é capaz de transmitir relativamente à experiência de cativeiro que viveu o imperador destituído. O livro chama-se La Chambre Noire de Longwood. Vale a pena lê-lo!
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