Respeitinho...
Não resisto a inserir esta caricatura de Luís Afonso (no Público de hoje) no dia em que se sabe que o Ministro da Saúde, invocando uma vez mais o dever de lealdade (mas era bom que se lembrasse ao senhor Ministro que não estamos em sede de casamento e que lealdade não se identifica com uma espécie de fidelidade conjugal, para mais em actos e palavras), não reconduziu, tempos atrás, o director do Hospital de São João da Madeira por este ter assumido posições públicas de discordância com a reformas dos serviços de urgência preconizada pelo Ministério. E se acharem que estou a exagerar nestas críticas, ou a tomar sistematicamente o partido de quem contesta o Governo, desenganem-se: estas atitudes, para além de mesquinhas, são extraordinariamente graves. Até porque a submissão perante a autoridade, a incapacidade de pensar fora de esquemas hierárquicos, a falta de independência de espírito e de sentido crítico e uma certa maneira de ser atenta e reverenciadora característica dos anos do salazarismo são factores decisivos do atraso do nosso país. E nem pensem Sócrates e quejandos que conseguirão construir um país moderno, activo e inovador, se continuarem a pretender que os portugueses se portem como carneiros.
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