Provedor de Justiça - Presidente no papel de Pôncio Pilatos
Desculpem a minha insistência neste tema da eleição do Provedor de Justiça mas fiquei verdadeiramente espantado com as declarações de Cavaco Silva, segundo as quais «o impasse na eleição do Provedor de Justiça atinge a credibilidade das instituições democráticas.» O Chefe de Estado lamentou ainda que os esforços que fez no sentido de uma solução para esta questão «não tenham dado resultado.»
Que esforços? Se bem que não conheça, em pormenor, os meandros da política portuguesa, parece-me que o único esforço possível de um Presidente imparcial que, para além de tudo, por razões pessoais e institucionais, poderia ter alguma influência em Manuela Ferreira Leite, seria convencê-la a apoiar um candidato claramente independente - ou seja, Jorge Miranda. E, ao dizer que «vamos agora esperar a decisão do Parlamento», acrescentando que, «não há condições para fazer mais nada», Cavaco Silva limita-se a dar de barato que, ou não conseguiu convencer os seus correligionários, ou nem sequer esteve interessado em fazê-lo. Em ambos os casos, um mau exemplo do que deveria ser o magistério presidencial.
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