Provedor de Justiça

A função do Provedor de Justiça é importante no quadro constitucional e legal português. Para a pequena história, conto aqui que, uma vez, em Bruxelas, em minha casa, o meu sogro, Ângelo de Almeida Ribeiro, na altura o Provedor de Justiça, foi confrontado por telefone com declarações de alguém que era, ao tempo, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e que tinha posto em causa a sua intervenção num assunto qualquer, de cujos aspectos já não me recordo. Mas lembro-me da sua resposta. Em termos aproximados, ele limitou-se a dizer ao jornalista que o tal Secretário de Estado não tinha qualquer ideia dos poderes e deveres do Provedor e da ordem jurídica constitucional. O nome desse Secretário de Estado de Cavaco Silva: Oliveira e Costa, agora em maus lençóis pela sua actuação à frente do BPN. Foi por essas e por outras (como o seu constante apoio à ideia dos sindicatos de polícias) que Cavaco Silva se opôs, com firme determinação, à sua recondução. Mas Jorge Sampaio, Secretário-Geral do Partido Socialista, compreendeu que, mesmo apesar do seu apreço sempre reafirmado por Almeida Ribeiro, havia outras considerações que lhe impunham um acordo com o Primeiro-Ministro. E Ângelo de Almeida Ribeiro também assim o entendeu, dando lugar à nomeação de Mário Raposo. Outros tempos! Foi para Estrasburgo, como membro da Comissão Europeia dos Direitos do Homem, no âmbito do Conselho da Europa, mas a doença cedo o atingiu, obrigando-o a regressar a Portugal. Sei que lamentou imenso a sua demissão mas que a compreendeu, com o sentido de Estado que sempre o caracterizou.
Por isso, estou mesmo em condições de dizer que o lugar de Provedor importa; e que Jorge Miranda seria o candidato ideal para tal cargo. O mais certo é que, com estas trocas e baldrocas, se sinta enojado e se retire... O que seria péssimo para Portugal. Mais um feito de Manuela Ferreira Leite e do actual PSD, partido do qual todo o sentido moral ligado a uma certa forma de fazer política desapareceu e que se contenta apenas com ganhos mesquinhos e ilusórios. Desculpem esta afirmaçõa provocatória mas dá a impressão de que a Jorge Miranda preferem Dias Loureiro. E, com isto, tudo fica dito!
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