sábado, 16 de maio de 2009

Lucia di Lammermoor - Callas e Donizetti

Não consigo, não consigo mesmo, perceber como há dúvidas sobre qual é a melhor interpretação da ópera de Donizetti, Lucia di Lammermoor. Para mim, Callas dirigida por Karajan, em Berlim e 1955, está a milhares de léguas das suas rivais. Em primeiro lugar, porque se trata de uma interpretação ao vivo; depois, porque a soprano se encontra numa forma vocal extraordinária e, ainda por cima, está bem acompanhada. É difícil manter o Ah do celebérrimo quarteto da forma como ela o faz. E a prova é que, exemplo raríssimo, esta parte da ópera foi repetida em palco. Poucas vezes assistimos a «bis» de cenas inteiras. Mas esta foi uma excepção (não conheço outra!) de que o disco deixou prova. (Aliás, Callas tinha-se enganado numa palavra e só corrigiu o erro quando cantou pela segunda vez.)

Quanto ao resto, que dizer? Trata-se da mais extraordinária cena da loucura que já ouvi. Numa encenação de «La Monnaie», aqui em Bruxelas, há mês e meio, Nino Machaidze cantou de forma magnífica, mas longe, muito longe, de se comparar a essa soirée de Berlim. A única verdadeira rival de Callas é Joan Sutherland. Mas, peço desculpa aos admiradores da soprano australiana, nada do que ela faz ultrappassa o canto de Maria Callas, naquele inesquecível quarteto e nas sua restantes intervenções numa ópera que, para ela, era muito especial.

Callas...