Claude Lévi-Strauss (21 de Novembro de 1908 - 1 de Novembro de 2009)

Mas foi, antes disso, um rapaz de dezassete anos, totalmente incapaz de compreender métodos sociológicos ou antropológicos (funcionalismo, estruturalismo, etc.), e quase ainda gago diante doutros termos que depois vieram a fazer parte da sua vida (marxismo, capitalismo, fascismo, liberalismo), que se encantou com o conjunto de informações encontrado nas Estruturas Elementares do Parentesco e que se espantou diante da importância dada, nas sociedades então chamadas selvagens (termo que Lévi-Strauss contribuiu para afastar do vocabulário antropológico), ao irmão da mãe, que desempenhava o papel de verdadeiro chefe da família. Tudo isso me parecia, então, semelhante a um conto de fadas e me abriu os olhos para os diferentes tons das cores do mundo. Esta foi uma lição que nunca esqueci e que, ainda hoje, principalmente hoje, me serve de armadura contra todos aqueles que cantam os louvores de uma única civilização ou cultura (que é - será necessário dizê-lo? - sempre a sua própria), e lutam e matam para afirmar a sua superioridade face a todas as outras.
Assim, se nada do eu disser pode acrescentar uma mesmo que muito pequena parcela à glória de Lévi-Strauss, fica, pelo menos, a recordação comovida desse miúdo que aspirava a crescer. E de um homem de génio, um mestre, que, de longe, através de um grande livro, o ajudou um pouco nesse caminho da vida.
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