domingo, 27 de setembro de 2009

Eleições

Não tenho, evidentemente, que explicar o meu voto - que nem será uma surpresa para aqueles que me conhecem. Mas como alguém que criticou duramente José Sócrates por atitudes tomadas ao longo deste mandato de quatro anos, parece-me necessário dizer que vou votar no Partido Socialista principalmente porque a ideia de ter Manuela Ferreira Leite como Primeira-Ministra pelos próximos dois a quatro anos me parece insuportável. E porque, dadas as recentes atitudes de Cavaco Silva e a sua constante interferência em assuntos que constitucionalmente relevam da competência do Governo (o recente caso do veto à lei sobre as uniões de facto é disso um exemplo claro), me parece indispensável que se crie um verdadeiro equilíbrio de poderes no topo do Estado - razão pela qual a maioria absoluta do PS me parece também desejável, embora não faça dela cavalo de batalha. Para além do mais, os argumentos indecentes em que o PSD assentou a sua campanha, como o caso das escutas e a ideia da asfixia democrática, enojaram-me. E, já agora, porque pertenço àquele núcleo de portugueses que acham que o TGV deve ser feito, e deve ser feito já, para diminuir o carácter periférico da economia, sociedade e cultura portuguesas (não para os espanhóis entrarem por aí adentro, o que já podem fazer de carro; mas para nós sairmos daqui mais facilmente e acedermos mais facilmente à Espanha e à Europa); e com o novo aeroporto de Lisboa, por questões de segurança da nossa capital. O facto de não estar de acordo com a terceira auto-estrada Lisboa/Porto (confesso que, desterrado em Bruxelas, nem sabia que já existiam duas) não chega para me fazer mudar de opinião.

Para mim, o Bloco de Esquerda nunca foi alternativa. Não gosto desses convertidos da UDP que me lembram os jesuítas (e os piores marxistas) na sua forma de estar no mundo e de encarar os outros. E o Partido Comunista, pese embora a simpatia natural de Jerónimo de Sousa (com os limites de alguém que não sabe pensar fora duma cartilha pré-aprendida, como ficou patente na sua passagem pelo Gato Fedorento), nada tem, desde há muitos anos, a oferecer ao país.

Voto Sócrates com a esperança de que possa repensar muitas das decisões que tomou ao longo do seu primeiro mandato e de que assuma um estilo de governação mais humilde e dialogante. Pode ser que me engane; mas no que não me engano, de certeza, é em que Manuela Ferreira Leite faria ou fará muito pior.