Face Oculta
Goste-se ou não de Armando Vara (e eu, nem por isso!), a verdade é que ele tem um notável percurso bancário e a maioria dos que com ele trabalharam tem boa ou muito boa opinião a seu respeito. A sua situação, neste momento, e tendo em conta a forma como actua a justiça em Portugal, não é invejável. Mesmo que inocente – e nada diz que não o seja – está de antemão condenado a um processo longo depois do qual, e mesmo que seja absolvido, haverá infelizmente quem venha dizer que só o conseguiu por tráfico de influências. Se for culpado, era bom, para todos nós, que essa culpa fosse demonstrada sem sombra de dúvida e com celeridade. O que, evidentemente, não vai acontecer.
Resta-me acrescentar que a decisão de Armando Vara torna (ainda mais) insustentável a posição de José Penedos, Presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), e Paiva Nunes (Administrador da EDP Imobiliária), outro dos arguidos, que não adoptaram a mesma atitude e pretendem teimosamente manter-se nos seus cargos. Quanto ao primeiro, a fruta cairá de madura porque o seu mandato chega ao fim dentro de um mês e não é previsível, por muito bom que tenha sido o seu desempenho, que o Governo proponha a sua recondução. Não sei o que acontecerá a Paiva Nunes mas suponho que, mais tarde ou mais cedo, também ele se verá obrigado a pedir a demissão ou a suspender o mandato. Percebo o dilema de ambos: consideram-se inocentes e sabem que o processo se arrastará.
Nisto, bem podíamos olhar para os Estados Unidos. Lá, estas coisas resolvem-se a tempo e horas. Cá não! O novo Governo e, principalmente, o novo Ministro da Justiça, bem podia dedicar algumas horas a reflectir sobre estas questões.
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