domingo, 15 de outubro de 2006

Javier Cercas - À Velocidade da Luz

Acabei de ler este livro, de Javier Cercas, um autor espanhol que se deu a conhecer, há alguns anos, com um primeiro sucesso chamado Os Soldados de Salamina, adaptado ao cinema por David Trueba, num filme selecccionado para o Festival de Cannes, em 2003, na secção «Un certain regard». Quanto a este novo livro, a história de um jovem espanhol (futuro escritor) que parte ensinar para uma universidade americana e aí encontra um veterano do Vietname, já o vi descrito como um «grande romance sobre as origens do mal e o poder da literatura». Esta frase mereceria, só por si, um comentário profuso (e um olhar crítico sobre esta mania de ver, nas coisas mais banais, exemplos sublimes) mas limito-me a dizer que considerei À Velocidade da Luz como uma obra algo convencional, embora muito bem escrita, sobre o tema da culpabilidade associada aos massacres prepetrados no Vietnam (e sobre essa culpabilidade, ou sobre o sentimento absurdo dessa guerra, alguns filmes, entre os quais Apocalypse Now e O Caçador, já nos disseram muito mais.) Se o talento de escritor de Cercas se espalha pelas páginas deste seu novo livro, resta-me pegar no primeiro para ver se encontro também aquela espécie de grandeza, ou fôlego, que define um grande escritor. Mas isto terá que ficar para depois porque - prometido é devido - comecei The Inheritance of Loss (o Booker deste ano): e, até agora, trata-se duma agradável surpresa. Ao mesmo tempo, e para descansar a cabeça, leio uma biografia de Paracelso, sábio e mágico da Renascença: The Devil's Doctor - Paracelsus and the World of Renaissance Magic and Science. Autor: Philip Bail. Muito interessante - uma investigação centrada nos laços entre ciência e magia no período da Renascença, entre um pensamento científico incipiente e um espírito de magia que se apagaria em face da nova visão do mundo que o primeiro viria a impor, e levada a cabo através da história dum homem controverso, genial ou charlatão, que era afinal o produto do seu tempo e que, ao olhar o mundo simultaneamente sob o prisma da biologia e da alquimia, abriu as portas às novas formas de reflexão que conduzem à ciência moderna.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá Zé pedro!

Estás a ler Inheritance of Loss em inglês, não é? Onde arranjaste o livro?

16 outubro, 2006 21:07  
Anonymous Anónimo said...

Na Watertones antes de se esgotar. Mas eles estão à espera de nova remessa.

17 outubro, 2006 15:34  

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