A Sinfonia Patética de Tchaikovsky
Uma emissão da «Arte» sobre a 6ª Sinfonia – a Patética – de Tchaikovsky. Ouvi depois a interpretação e, principalmente, os comentários de Bernstein, num álbum que reúne cinco grandes sinfonias: a Heróica de Beethoven, a Novo Mundo de Dvořák, e as 4ªs de Brahms e Schumman. Ouvir Bernstein é voltar ao tempo em que, a preto e branco, assistíamos aos seus concertos para jovens. As suas explicações são luminosas e acessíveis mesmo a quem tenha apenas conhecimentos rudimentares de música.
Sobre a Patética, algumas notas:
1. Uma mistura de temas e de melodias belíssimas, como o célebre segundo tema do primeiro andamento, que Bernstein considera o exemplo mesmo de uma melodia cantabile.
2. O terceiro andamento, uma marcha que parece militar, foi recuperado no tempo de Estaline e «servido» como modelo do optimismo que andava ligado à Revolução bolchevista e aos sucessos do povo soviético.
3. O quarto e último andamento, um adagio, constituiu uma revolução formal no final do século XIX: tradicionalmente, as sinfonias, como os concertos para piano ou violino, acabam normalmente com andamentos rápidos, allegro, allegro cantabile, rondo ou allegro assai. É, aliás, o carácter grave e triste deste andamento que dá o título à sinfonia. E é também por isso que foi frequentemente utilizado como marcha fúnebre, por exemplo no enterro de Eisenstein (e penso que também foi tocada no enterro de Estaline, mas não consegui confirmar esta informação).
4. As melhores gravações são de Mravinsky, com a sua orquestra, a Orquestra Filarmónica de Leninegrado. Há várias versões, duas das quais, uma mono, de 1956, outra stereo, de 1960, são as mais conhecidas. Esta última (num disco que reúne, como quase todas, as 4ª, 5ª e 6ª sinfonias, numa fórmula repetidamente irritante que nos obriga a mudar de CD a meio da 5ª) acaba de ser editada na colecção «The Originals». Vale a pena comprá-la. Mravinsky dirige a orquestra com a sua tradicional «mão de ferro» e se, por vezes, parece que nos encontramos numa parada militar, há poucas ou nenhumas interpretações que atinjam a mesma tensão dramática.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home