domingo, 29 de outubro de 2006

Tia Vicas
















A Tia Vicas morreu na terça-feira e, assim, é toda a geração dos meus pais que deixa de existir. Como estava em Lisboa, fui vê-la ao hospital no sábado passado e pude dar-lhe um beijo de despedida. Era uma grande senhora que, com o tio Carlos e ao longo de tantos anos, me deu amizade e ternura. A sua morte doeu-me, num ano em que me faltam as lágrimas para chorar tantas partidas. A tia era profundamente religiosa e, por isso, julgo que este quadro de Giotto constitui um acompanhamento adequado dessa tristeza. Ao João, Rui e Pedro, meus primos, meus irmãos, a comunhão numa dor - a dor da morte dos nossos pais - que se diz apenas com palavras contidas. Logo que puder, porei aqui uma fotografia tirada no seu casamento em que se vê o tio Carlos a oferecer-me (eu, com menos de um ano!) à tia, sentada na relva em vestido de noiva.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Guardo desta Tia "emprestada" mas mais proxima que outras "verdadeiras", guardo a imagem de uma senhora elegante, distinta, simpática, sorriso franco e ligeiramente irónico. Bem disposta. Generosa. Com muita amigas à volta. Amiga do seu amigo.A recordaçao de uma casa cheia, sempre aberta, pronta a acolher quem viesse por bem.
Qualquer pessoa podia aparecer de improviso, era recebida com um sorriso, um chá e uns biscoitinhos caseiros.
Para os mais pequenos, havia sempre um brinquedo perdido, numa caixa qualquer lá no quarto da barafunda.
Os filhos dos sobrinhos, os filhos dos amigos dos filhos, eram todos netos.
Revejo uma "photo de famille" tirada em Aveiras no Verao de 2000, onde (quase toda) a tribo Pessoa e Costa se alinhava em pose perfeita.
Ouço o vozeirao rouco e cheio de tosse do Tio Carlos, a chama-la a toda a hora: "Oh Vicas, oh Vicas!"
O ZP tinha um carinho especial por esta Tia. Foi ela que lhe anunciou a morte do Pai, era ele um jovem de 19 anos. E esses momentos e essas pessoas tornam-se inesqueçiveis. E ainda restam muitas lágrimas para chorar sejam elas de tristeza ou de alegria. Porque estamos vivos e gostamos.
A Deus Tia Vica, foi um privilégio tê-la conhecido!

08 novembro, 2006 15:49  

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