Antiguidade e cunhas
Nestes tempos em que se fala tanto de promoções por mérito e é sinal de irremediável tolice defender o valor da antiguidade (embora, estranhamente, a regra não se aplique aos lugares de topo), é interessante notar que, no início, a promoção por antiguidade representou um importante passo na luta contra habituais formas de nepotismo e contra os «favores» (na altura, a palavra «cunha» ainda não era utilizada neste sentido) que determinavam as carreiras na administração pública e, principalmente, na diplomacia. Com efeito, a exigência, para a nomeação para funções relevantes (como as de embaixador), de um certo número de anos de serviço, tentava evitar que tais lugares fossem preenchidos apenas por nobres ou burgueses favorecidos pela realeza e apoiantes do ministério ou em troca de serviços prestados. (Foi introduzida, aliás, mais ou menos ao mesmo tempo do que a exigência duma formação escolar mínima para se aceder a certos postos e carreiras.) Numa altura em que tanta nomeação depende de certificados de bons serviços partidários, e em que se perde, um pouco por toda a parte, uma essencial memória funcional que residia nos empregados mais antigos, parece-me útil relembrar estas coisas. Mesmo sabendo que há muitos «antigos» que não sabem o que fazem.
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