quinta-feira, 6 de março de 2008

Histórias do meu irmão

O meu irmão João, com todos os seus defeitos, e muitos eram, tinha piada. Uma das suas histórias mais engraçadas tem a ver com uma vez em que, em 2004, se dirigiu ao BCP, onde devia algum dinheiro, e pediu uma certidão destinada a provar, segundo ele, que, numa dada data, a sua conta apresentava saldo suficiente para pagar um cheque que tinha sido devolvido. O banco prontificou-se a passar a dita certidão (embora o tivessem prevenido de que levaria algum tempo, medido em semanas, o que é difícil de compreender porque se tratava apenas de tirar uma fotocópia dum extracto) mas o empregado acrescentou que um documento desse tipo custaria mais de 100 euros. O João virou-se para ele e, com calma (uma calma de que ele era capaz e eu nunca), perguntou-lhe onde estava afixada a lista de preços e comissões que os bancos, como qualquer estabelecimento comercial, devia ter visível e à disposição dos clientes. O empregado indicou-lhe a vitrina e o João lá foi confirmar o montante pedido. Para azar do Banco, a tabela colada no vidro datava de 2002. O João voltou para o seu lugar e perguntou ao senhor que o atendia se conhecia o número de telefone da GNR das Caldas. Sem esperar, como uma das personagens de Astérix, que o céu lhe fosse cair em cima da cabeça, o homem deu-lhe o número que, diante dele, o João ligou, dizendo em voz alta que queria denunciar uma situação de falta de afixação de preços num estabelecimento comercial. De início, segundo contava, o agente que lhe atendeu a chamada adoptou um ar enfastiado, convencido de que se tratava duma das frequentes queixas deste tipo, dirigidas a pastelarias, cafés, supermercados e mercearias. Foi só quando o João lhe explicou que a queixa tinha a ver com um banco que o homem se mostrou interessado: em boa verdade, parecia, mesmo do outro lado do telefone, ter saltado da cadeira. Seria talvez a primeira vez que um banco era denunciado! Passados menos de dez minutos, uma brigada passou pelo BCP, Caldas da Rainha, para (nos seus termos) processar a ocorrência. O banco foi, mais tarde, condenado a uma multa de mais de 5000 euros, mesmo depois de uma sua advogada ter contactado o João para que ele retirasse a queixa. Só que, como ele explicou, não se tratava de queixa mas apenas da denúncia duma situação ilegal... O banco ficou furioso e nós rimos à gargalhada.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

noto que voltaste bem disposto.
gostei da história, em especial porque se trata do BCP, um banco que já devia ter fechado por falta de credibilidade.

07 março, 2008 09:28  

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