Histórias do meu irmão
O meu irmão João, com todos os seus defeitos, e muitos eram, tinha piada. Uma das suas histórias mais engraçadas tem a ver com uma vez em que, em 2004, se dirigiu ao BCP, onde devia algum dinheiro, e pediu uma certidão destinada a provar, segundo ele, que, numa dada data, a sua conta apresentava saldo suficiente para pagar um cheque que tinha sido devolvido. O banco prontificou-se a passar a dita certidão (embora o tivessem prevenido de que levaria algum tempo, medido em semanas, o que é difícil de compreender porque se tratava apenas de tirar uma fotocópia dum extracto) mas o empregado acrescentou que um documento desse tipo custaria mais de 100 euros. O João virou-se para ele e, com calma (uma calma de que ele era capaz e eu nunca), perguntou-lhe onde estava afixada a lista de preços e comissões que os bancos, como qualquer estabelecimento comercial, devia ter visível e à disposição dos clientes. O empregado indicou-lhe a vitrina e o João lá foi confirmar o montante pedido. Para azar do Banco, a tabela colada no vidro datava de 2002. O João voltou para o seu lugar e perguntou ao senhor que o atendia se conhecia o número de telefone da GNR das Caldas. Sem esperar, como uma das personagens de Astérix, que o céu lhe fosse cair em cima da cabeça, o homem deu-lhe o número que, diante dele, o João ligou, dizendo em voz alta que queria denunciar uma situação de falta de afixação de preços num estabelecimento comercial. De início, segundo contava, o agente que lhe atendeu a chamada adoptou um ar enfastiado, convencido de que se tratava duma das frequentes queixas deste tipo, dirigidas a pastelarias, cafés, supermercados e mercearias. Foi só quando o João lhe explicou que a queixa tinha a ver com um banco que o homem se mostrou interessado: em boa verdade, parecia, mesmo do outro lado do telefone, ter saltado da cadeira. Seria talvez a primeira vez que um banco era denunciado! Passados menos de dez minutos, uma brigada passou pelo BCP, Caldas da Rainha, para (nos seus termos) processar a ocorrência. O banco foi, mais tarde, condenado a uma multa de mais de 5000 euros, mesmo depois de uma sua advogada ter contactado o João para que ele retirasse a queixa. Só que, como ele explicou, não se tratava de queixa mas apenas da denúncia duma situação ilegal... O banco ficou furioso e nós rimos à gargalhada.
1 Comments:
noto que voltaste bem disposto.
gostei da história, em especial porque se trata do BCP, um banco que já devia ter fechado por falta de credibilidade.
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