A Geórgia e a Rússia
Mas o que terá passado pela cabeça do Presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili? Independentemente de qualquer razão que lhe assista (e nem isso é certo!), não se provoca um inimigo como a Rússia sem estar certo de dispor de apoios suficientes - que, neste caso, como era de esperar (basta olhar para um mapa), não vieram nem virão. Putin irá até onde lhe der jeito, provavelmente até instalar em Tbilisi (ou Tíflis) um novo regime dependente duma Rússia quase imperial... É evidente que o Presidente georgiano tem razão quando diz que, neste momento, o que está em causa não é a autonomia ou independência da Ossétia do Sul, região separatista apoiada pelos russos, mas a própria independência da Geórgia ou, pelo menos, a manutenção nesse país do regime pró-ocidental que Saakashvili pretende incarnar (embora isso não o impeça de tratar a oposição com o desprezo dos ditadores). Mas isso deveria ter estado presente no seu espírito antes de ter iniciado as hostilidades. A sua decisão só se compreende por motivos de política interna, ou seja, para tentar conseguir um apoio popular que lhe fugia. Saiu-lhe o tiro pela culatra. Bem pode queixar-se dos cobardolas dos ocidentais mas há uma diferença entre valentia e tendência para o suicídio. O único culpado é ele próprio. Mas os que vão sofrer são os habitantes deste país que, ao longo duma longa história, raramente conseguiu manter a sua independência.
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