Vanessa Redgrave
Fechado em casa, por causa do céu cinzento e chuvoso desta terra em que vivo há mais de vinte anos e que me recuso a chamar minha, aluguei o vídeo do filme «Atonement», baseado no romance homólogo de Ian McEwan.
(«Atonement» foi traduzido em francês e português por «Expiação» e eu próprio não conseguiria encontrar melhor palavra mas não deve esquecer-se que, em inglês, à ideia de pedido de perdão se junta uma ideia de reconciliação que, neste caso, embora impossível porque póstuma, sem possibilidade de aceitação por parte daqueles a quem se dirige, não sei se existe na palavra «Expiação», e que é extremamente importante no livro e – algo menos – no filme.)
Não sei se foi do tempo mas achei o filme bastante soporífico, exemplo claro dum certo cinema inglês de que não sou particularmente adepto. Excelente direcção de actores; uma câmara lenta sem imaginação; planos longos e cansativos... Confesso que sou um partidário ferrenho do cinema de acção americano e que, com o avançar da idade, esta é uma característica minha que se acentua.
Mas, nos últimos três, quatro ou cinco minutos, surge Vanessa Redgrave. Nada do que ela diz é uma surpresa para quem leu o livro: limita-se a desfazer, em algumas breves palavras, quase mais breves no livro do que no filme, a ilusão dum final feliz. Mas esta pequena parte dum filme menor é uma obra-prima.
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