O duplo do treinador do Sporting
A Rainha Vitória falava de si na primeira pessoa do plural. "We are not amused", costumava dizer. Era uma velha chata, pouco inteligente, teimosa e desagradável. Pudera! A aturar todas as cabeças coroadas da Europa de então que, de uma forma ou doutra, eram seus filhos, netos ou sobrinhos (os mais conhecidos, Willy, Nicky, respectivamente, eram o Imperador Guilherme II da Alemanha e o Czar Nicolau II da Rússia), que razões teria ela para andar contente? "We are not pleased".
Vem isto a propósito das declarações ouvidas esta manhã àquele que, com toda a probabilidade, será o novo treinador do Sporting, André Villas Boas. Villas Boas tem apenas 42 anos, é jovem e bem-parecido, e não tem ar de ser chato. Mas tem esta particularidade: fala de si na terceira pessoa. Diz coisas assim: "Espero que a Académica e o Sporting discutam a contratação do André Villas Boas". Como se estivesse a mencionar alguém conhecido, um amigo com quem se almoça ou se vai aos copos. Ficamos com a impressão de estarmos a olhar para um sósia.
Dizem que Mourinho faz a mesma coisa. É verdade que Villas Boas parece uma cópia a papel químico de Mourinho, de quem foi adjunto. Uma cópia declinada em tons de ruivo, com a mesma barba de três a quatro dias cuidadosamente aparada. Um verdadeiro Special Two. Esperemos, para bem do Sporting, que tenha o mesmo talento. Mas não há razão para esta mania de falar de si próprio como "o André".
Ponho-me a pensar. Será que deverei começar a falar deste blogue como o blogue do Zé Pedro Pessoa e Costa em vez de dizer banalmente "o meu blogue". A dizer: "Como vêem, a minha entrada de hoje no blogue do Zé Pedro diz respeito ao André Villas Boas", ou coisas do género? Será que isso me aumentaria o prestígio?
Ou será que ainda teremos saudades de Paulo Bento e da sua famosa frase: "Com naturalidade"?
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