segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pobrecitos

Que dirá o meu irmão Francisco depois da derrota do Benfica, em casa, contra o Vitória de Guimarães, por 0-1? Ele, que falava das "triangulações de sonho", num arroubo poético que é revelador da forma como os benfiquistas têm encarado este início de época; ele, que terminava uma recente entrada no seu blogue Como no Início (ver endereço no fim desta entrada) com um "viva" ao Jesus, três "vivas " ao Benfica e um "Viva Portugal". Maldosamente (oh! esta inveja de sportinguistas que vêem o seu clube a penar a meio da tabela), aconselhei-o, aliás, a acrescentar um "Viva Salazar". Por causa de Fátima, do fado e do futebol.

Outro benfiquista ilustre que participa num programa de televisão que o meu genro João – mais um ilustre fanático do clube da Luz capaz de transformar golos marcados com a mão em jogadas perfeitamente legais e breves empurrões na área adversário em agressões a merecer cartão vermelho, se uma e outra atitudes favorecerem o Benfica – me informou chamar-se Trio de Ataque (eu ainda andava pela época dos Donos da Bola mas parece, João dixit, que este passava na SIC e acabou há bastante tempo), outro benfiquista ilustre, dizia eu, antes de me perder nos meus próprios meandros, António Pedro de Vasconcelos, cineasta de talento, autor do célebre O Lugar do Morto, em que Ana Zanatti e Pedro Oliveira protagonizavam uma cena quente, disse recentemente que Jesus era melhor treinador do que Mourinho. Estava a falar do Jesus, Jorge – e não da outra conhecida personagem do mesmo nome que, pode garantir-se sem risco de errar, se se dedicasse ao futebol seria certamente o melhor treinador do mundo, mas que, se andar por aí (e há quem duvide que ande em qualquer lugar), estará certamente preocupado com outras coisas.

Como pode ver-se pelos exemplos dados, não há benfiquistas inteligentes. Ou melhor, mesmo quando são perspicazes e boas pessoas na vida normal, basta pô-los a falar do Benfica que todos acabam a dizer asneiras das boas. E o seu normal bom feitio desaparece subitamente se nos atrevemos a discordar deles ou, até, apenas, a chamar-lhes a atenção para alguns pormenores desagradáveis: foras de jogo, faltas na área, livres mal marcados, e mesmo (à atenção do Francisco) algumas triangulações falhadas...

É claro que, este ano, um sportinguista devia ter a humildade de se calar e de olhar o sucesso da equipa do outro lado da segunda circular com modéstia e circunspecção. Assim, fico à espera de mais um disparate do Presidente Bettencourt para poder malhar no meu clube. Entretanto, dá-me algum prazer gozar com o Francisco e o João. O que foi a razão principal de ter perdido algum tempo a preparar este texto.

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