quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Boxers à mostra

Pode-se discutir se esta moda de deixar os boxers à mostra é agradável ou desagradável, bonita ou feia. Agora, o ponto a que chegou o Estado da Florida é que não é admissível sob qualquer ponto de vista que seja.

Imagine-se que. com base numa lei votada no Congresso desse estado americano, um rapaz de dezassete anos, Julius Hart, foi preso e passou uma noite na cadeia por expor 10 centímetros dos seus boxers. Por essa ordem de ideias, o meu filho Diogo já teria ido parar à prisão algumas vezes!

Felizmente que, tempos depois (mas só tempos depois), imperou o bom senso, com um juiz a declarar ilegal essa prisão por se basear numa lei que considerou inconstitucional. O advogado de defesa ter-se-á insurgido contra esta espécie de criação duma polícia da moda e o juiz seguiu a sua argumentação, embora (não se sabe porquê!) se tivesse sentido obrigar a esclarecer que não se tratava de alguém que estivesse a expor as suas «nádegas» mas apenas dum jovem cujas «cuecas» feriram o olhar de um polícia que se sentiu assim autorizado a prendê-lo.

O que nos deixa mais desconsolados em tudo isto - vindo da América - é que, segundo a CNN, movimentos para proibir o que eles chamam baggy ou saggy jeans parecem estar a ganhar popularidade em várias partes do país. Assim, Dallas, no Texas e Atlanta, na Geórgia, fazem parte de um grupo de grandes cidades americanas que consideram essa eventualidade.

Como é possível? Ao que chegamos? Ou, mais exactamente, onde quer essa gente voltar? A qualidade dum jovem não se mede certamente pela altura a que põe o cinto nas calças... Mas, segundo os novos conservadores americanos (aliás, bastante cordatos na forma como trataram a gravidez da filha da candidata republicana à vice-presidência: assim o fossem com todas as mães solteiras, nomeadamente as negras!), parece que esta moda é indecente. Não se apercebem, porém, que, dentro de algum tempo, ninguém lhes ligará. Já agiram assim, em tempos idos, a propósito do biquini e da mini-saia. E lembro-me duma amiga da minha mãe, minha madrinha, que, vinda de Paris, se atreveu a usar um biquini na Foz do Arelho, só para se ver chamada à ordem pelo «cabo do mar», que a intimou a cobrir-se. Mas estávamos, ainda, no tempo de Salazar!