segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nelson Évora e os meus erros

Há duas razões para este post. A primeira é uma simples homenagem, atrasada por motivo de férias, ao homem que conseguiu a única medalha de ouro portuguesa dos Jogos Olímpicos deste ano (evito chamar-lhes de «Pequim» por causa do Tibete, no que é certamente uma atitude sem quaisquer consequências.) Nunca duvidei que o conseguisse. Não sei porquê mas Nelson Évora já de há muito tinha despertado a minha simpatia depois de ler umas entrevistas em que surgia como muito mais modesto do que os jornalistas que lhe colocavam as perguntas. Isso transmitiu-me uma enorme confiança nele e, no dia da eliminação de Naide Gomes, de que só soube porque estávamos a falar destas coisas no almoço de anos da Trezzu, do João genro (e do Mehdi, que já não estava lá), continuei a assegurar que Évora venceria a prova do triplo salto e nos traria a medalha sem a qual Portugal teria entrado numa situação de angústia da qual não se sabe como recuperaria e que constituiria um problema para a reeleição de Sócrates. (A prova é que o Presidente do Comité Olímpico Nacional mudou radicalmente de opinião porque, tendo antes anunciado a sua demissão em face dos maus resultados obtidos, veio logo dizer, em atitude que não o honra, que se encontrava disponível para continuar, se as federações, isto é, os outros, o povo, os «de baixo», uma «vaga de fundo», lho solicitassem.)

A segunda razão tem a ver com os meus enganos. Durante essas (e outras) conversas, insisti em que as distâncias a considerar, quer no salto em comprimento quer no triplo salto, eram medidas desde a chamada até ao lugar onde os pés do atleta tocavam o solo. Não é verdade. As regras do salto em comprimento aplicam-se no triplo salto e determinam que o final do salto é definido pelo lugar mais perto do seu início onde qualquer parte do corpo do atleta toca o chão. Assim, se um saltador deixar uma mão tocar a areia atrás dos pés ou do rabo, é esse ponto que é considerado. Na prática, a diferença não é enorme (mas deve existir quase sempre) porque os atletas, conhecendo a regra, tentam cair para a frente (fall forward, como diz a Enciclopédia Britânica, onde encontrei respostas para as minha dúvidas - a Wikipédia nem sequer mencionava este ponto, talvez por o considerar demasiado evidente, embora nos desse uma descrição pormenorizada das regras técnicas do triplo salto.) Aqui ficam, assim, as minhas desculpas pela errada insistência.