domingo, 29 de novembro de 2009

Os suíços e os minaretes

Não gosto da Suíça. Sobre os suíços não me pronuncio já que conheço poucos. Mas os resultados do referendo de ontem sobre a proibição de minaretes nas mesquitas construídas no país levam-me a pensar que as coisas não andam bem lá para aquelas bandas.

Já agora, porque não proibir os campanários nas igrejas católicas? Ou, mais radicalmente, as abóbadas de catedrais e mesquitas, indiferentemente! Ou as sinagogas? E os templos budistas. Proiba-se tudo. (Incluindo, já agora, os crucifixos nas escolas!)

É evidente que só espíritos estreitos podem pensar que os minaretes sejam "um símbolo do islão militante". E, ainda que o fossem, lembre-se que não é raro, em livros de História ou de História da Arte, da autoria de insuspeitos autores ocidentais, encontrarmos referências ao catolicismo militante, triunfante ou conquistador: por exemplo, o catolicismo da época das catedrais. Devemos, por isso, destruir as catedrais? Palermice.

O perigo é que já andam políticos oportunistas a interrogar-se sobre se os minaretes serão mesmo indispensáveis ao culto. O que é importante, dizem, é a mesquita; não o adorno. Mas os campanários também não são essenciais... Pode adorar-se Deus em casa, sem o repicar dos sinos.

O choque das civilizações (The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order) é um disparate imaginado por um historiador geralmente competente: Samuel Philips Huntington. Não há necessidade de transformar a sua insensata previsão em realidade. Mas é isso que atitudes como a dos eleitores suíços se arriscam a fazer. Que diríamos nós, com efeito, se alguns árabes impedissem a construção de novas igrejas?