Forrobodó - Barão de Quintela, Conde de Farrobo...
O nome, já de si, é cómico. Forrobodó! O dicionário diz-nos que é sinónimo de festança, pândega, confusão, trapalhada e, no Brasil, baile popular. O responsável de tudo isto é alguém de cuja vida se conhece pouco: barão de Quintela, conde de Farrobo (porque é que o «a» inicial se transformou em «o» não sei). Antepassado do José Diogo Quintela, um dos actores do Gato Fedorento, a sua vida caiu no esquecimento. Apesar da existência do largo Barão de Quintela, bem no coração de Lisboa, e ainda que muitos milhares passeiem diariamente pelos jardins das Laranjeiras, nem o barão nem o conde são conhecidos. Ninguém sabe (nem eu sabia até hoje) que a palavra «forrobodó» tem algo a ver com ele. Perde o público em não o conhecer e é injusto para Farrobo não ser mais conhecido.
José Norton de Matos publicou recentemente o livro O Milionário de Lisboa, que conta a história desta personagem. Ainda não o li mas vai ser, certamente, uma das minhas leitura deste Verão, na Casa da Pérgola e na praia, em Cascais.
Norton de Matos confessa que não conhece verdadeiramente o barão. Não deixou nem diário nem cartas pessoais nem mesmo uns meros cartões de negócios. O que resta do que terá sido um fabuloso arquivo – era homem de negócios, director do Teatro de S. Carlos, e trocava missivas com amigos e conhecidos, banqueiros ou outros, em Londres e Paris – é pouquíssimo. Por isso, Norton de Matos escolheu outro caminho. Deu largas à sua imaginação e pediu ajuda a alguns interlocutores fantasiados, na boca dos quais pôs palavras que não pode garantir «se alguma vez foram pronunciadas e em que circunstâncias».
Fica a fotografia do quadro de Domingos Sequeira representando o jovem Joaquim Pedro Quintela quando ainda não era conde nem barão. Este quadro existe no Museu Nacional de Arte Antiga. Nada, excepto a mão na anca, nesta na sua pose de jovem rico e convencional, indicaria que o seu nome viesse a dar lugar a esta ideia de divertimento desgarrado... Mas as aparências iludem... Sempre!
3 Comments:
gostei muito desta entrada (é assim que se chama em PT?).
Obrigado pela informação. Eu chamava-lhe «comentário», às vezes, pretenciosamente, artigos. Agora, sei o que dizer.
Já lá vão dois anos. Hoje andei a rever o que a NET dava sobre o Milionário. Espero que tenha gostado da leitura.
José Norton
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