Mais novas de Portugal
Acho que vou dedicar-me, a partir de agora, a gozar com algumas coisas que se passam no meu país. Não por mal; apenas por estar farto.
Esta notícia, que apareceu na Última Hora do Público, há pouco mais de uma hora, é daquelas perante as quais só podemos abraçar a pança e rir a bandeiras despregadas.
Um ex-Presidente da Câmara do Porto, um arquitecto chamado Nuno Cardoso de que ninguém se lembra, uma verdadeira não-personagem, foi acusado de favorecer o Boavista. Tratava-se de permitir ao clube «colocar em marcha» a construção de habitações particulares e hotéis sem para tal possuir as licenças correspondentes. O tribunal considerou que Nuno Cardoso agiu ilegalmente ao ordenar o arquivamento das contra-ordenações e a sentença foi particularmente severa, ao considerar que «houve intenção de beneficiar o Boavista FC» e uma «elevada ilicitude de (dos) factos».
Qual foi a defesa de Nuno Cardoso? A de afirmar que os despachos em causa lhe teriam sido ditados! Mas ainda foi dizendo que não se lembrava deles. E qual foi a sua reacção à condenação? A de se mostrar indignado - repito: indignado; REPITO: INDIGNADO; REPITO: INDIGNADO - com uma condenação «manifestamente injusta e parcial» que considera ser uma «mancha» no seu currículo. Ao mesmo tempo, anunciou o seu regresso à política. Repito: ao mesmo tempo, anunciou o seu regresso à política... REPITO... E eu que detesto sublinhados ou letras a negro!
Tratar-se-ia provavelmente duma mancha se o currículo valesse um chavo. Quanto ao regresso à política, deve ser uma nova forma de hilaridade em Portugal à qual, depois de tantos anos no estrangeiro, não estou habituado. Um Presidente da segunda maior câmara do país pretende que despachos, dos quais nem se lembra embora estivessem em causa milhares de contos, lhe foram ditados, acha a sua condenação injusta e pretende voltar à política.
É tarde. Já soou a meia-noite. Digam-me apenas se estou acordado!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home