Novo mandato do Presidente da Comissão
Gostava imenso de dizer a minha opinião sobre a recondução de Barroso como Presidente da Comissão. Mas não posso: mesmo se este blogue é apenas lido por pessoas de quem sou amigo e o considero, nessa base, privado, não posso esquecer que sou funcionário dessa mesma Comissão a que ele preside. Assim, o meu apoio a essa recondução, ou a minha oposição a ela, fica como assunto de consciência sobre o qual não me pronunciarei publicamente. A questão principal a que o Presidente da Comissão deve dar resposta é a de saber como transformar o projecto europeu para lhe permitir constituir ainda o foco de esperança que foi nas décadas imediatamente a seguir à Guerra e, depois, na altura de Delors. Este é o desafio que se coloca a Durão Barroso ou a qualquer outro homem político que se visse, por vias hoje obscuras, designado Presidente da Comissão. O papel do Parlamento Europeu devia, sob este ponto de vista, ser fundamental: em Julho ou em Outubro, Novembro ou Dezembro, pouco importa. Os povos afastam-se duma Europa que sentem como tecnocrática, preocupada com as suas negociações de «deve e haver», sem ideais para lhes oferecer. Pode até ser, como disse Pulido Valente, que, na Europa de hoje, apenas pretendam paz e sossego - e se estejam nas tintas para projectos, programas ou ideais. Mas eu não concordo com essas tertas. Isso também se dizia dos Estados Unidos e a eleição de Obama provou que, pelo menos pelo espaço duma ilusão, é possível mobilizar as pessoas em busca duma sociedade melhor. Pode discutir-se se cabe à instituições europeias ou aos Governos nacionais essa mobilização: mas a certeza é de que nunca caberá às primeiras se os homens que as liderarem não inspirarem entusiasmo. Por isso, com alguma cobardia mas muito a propósito, transfiro o problema para a nomeação, depois da aprovação do Tratado de Lisboa, do próximo Presidente do Conselho Europeu. E declaro a minha oposição clara (mas é certo que sem consequências de maior) ao nome de Tony Blair.
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