Já posso falar do meu Kindle
Já posso falar do meu Kindle... Até agora, antes do Natal, não podia confessar que o presente das minhas filhas, filho, genros e netas, tinha sido o novo e-book da Amazon que comprei, com medo de que se esgotasse, em Novembro. O que me permitiu ter adquirido, ao longo destes dois meses, e através dum simples toque numa das teclas da minha nova máquina, uma enorme quantidade de livros em formato electrónico que agora me acompanham para toda a parte: livros de história e filosofia, romances, biografias, actualidade política e internacional. Estou apenas à espera que os editores franceses e portugueses se deixem de tretas e compreendam que aqui está o futuro do livro; um livro decerto diferente mas um livro, ou seja, uma forma de transmitir saberes, sensações, notícias e informações por forma escrita, através dessa magnífica vivência do que se chama «leitura» - ver Uma História da Leitura, de Alberto Manguel, para perceber como este conhecimento peculiar, esta maneira de viver, não está necessariamente ligada a uma forma particular de livro, mas à simples experiência de ler. O Kindle não tem nada a ver com um computador. Em primeiro lugar, não tem luz própria; em segundo, manuseia-se como um verdadeiro livro com a única excepção de que se passam as páginas através dum botão em vez de as folhear. Reconheço que, na actual edição (mas já aí vem outra), é como um filme a preto e branco comparado com um filme a cores: em certos livros, com quadros, mapas ou fotografias, a qualidade da imagem perde-se. Em contrapartida, levamos connosco, em viagem, mil obras que podemos consultar através dum simples click. E podemos saltar dumas para as outras com a facilidade de quem desaperta um botão da camisa. Para além disso, tem um dicionário de inglês incorporado, que permite verificar o significado das palavras, e a possibilidade de anotarmos o livro onde e como quisermos.
Acreditem-me! Eu comprava, sem exagero, mais de cem livros por ano. Não sou, portanto, um mero leitor ocasional. Ora, encontro-me completamente rendido ao meu Kindle e já estou a pensar na altura de comprar o novo modelo. Raras vezes um presente me deu tanto prazer. O Kindle é feito para quem gosta de livros; não para aquelas pessoas para as quais os livros são um mero adorno destinado a embelezar as prateleiras caseiras, nem sequer para aqueles que preferem (e é bonito) manusear primeiras edições. O Kindle é feito para quem gosta de ler; de ler apenas. Assim, eu com o meu Kindle – juntos! A simples ideia de o perder deixa-me doente. É melhor do que o i-Pod onde registei toda a minha discoteca. Guardo-os e cuido-os. Com uma certa forma de amor.
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