segunda-feira, 26 de junho de 2006

Que vergonha!


Os jornais desta manhã embandeiraram em arco com a qualificação de Portugal para os quartos de final do Campeonato do Mundo de futebol. Fiquei contente com o resultado. Ainda bem que passámos a Holanda e conseguimos o apuramento!

Mas será isto razão suficiente para esquecer a autêntica vergonha que foi o jogo de ontem? Ou, como faz hoje a imprensa falada e escrita, para lançar todas as culpas sobre o árbitro (que, sem dúvida, muitas tem!), esquecendo que as faltas mão foram suas, mas dos jogadores? Em particular, como qualificar a entrada de Boulahrouz sobre Cristiano Ronaldo, que o árbitro (mal) sancionou apenas com cartão amarelo? Ou a cabeçada de Figo (era ele que devia ter saído com cartão vermelho, e não Deco, cuja segunda falta foi, em comparação, relativamente banal)? Ou ainda a atitude de Heitinga que, ao não devolver uma bola lançada para fora pelos portugueses que atacavam para permitir assistir um futebolista caído, deu origem à primeira falta de Deco?

Para quem gosta de futebol – do jogo, da entrega de tantos jogadores, do entusiasmo dos adeptos – estas coisas são simplesmente lamentáveis. E escondê-las, não é boa política. Ora, a verdade é que, hoje, ao ler os jornais, ao ouvir a televisão, parece que o jogo se passou no melhor dos mundos, apenas levemente manchado por uma péssima arbitragem. Assim, não se ajuda o futebol.

Para além de que (cert)os jogadores portugueses também não ajudaram a equipa, ao colocá-la na situação de enfrentar a Inglaterra sem Costinha e Deco, e (quem sabe?) de jogar as meias-finais com as reservas, se houver mais amarelos no próximo jogo.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Intervalo














Blogue fechado para obras por causa das cervicais...

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Logótipo da Presidência Finlandesa da União Europeia



Quando vi este logótipo, gostei das cores mais do que do desenho, que me pareceu banal, e fui tentar descobrir o que simbolizava. Depois de uma curta procura na Internet, descobri que a razão por que este logótipo me deixa frio (e juro que não é por vir da Finlândia) tem a ver com o facto de ele pretender representar coisas a mais.

Ao que parece, pretende reflectir «as mudanças dinâmicas que estão em curso na União e representar o modo como os valores da União Europeia alargada se integram para formar um conjunto coerente» (!). Por outro lado, simboliza aspectos tão diversos como: crescimento e desenvolvimento; valores comuns da experiência europeia; e a maneira finlandesa, aberta e directa, de dar resposta aos problemas.

O verde quer fazer lembrar uma floresta que desabrocha (adivinha-se que na Primavera) e largos horizontes; e o azul e também, presumo, o amarelo referem-se à água de lagos e mares brilhando ao sol. A transparência das cores no desenho exprime o espírito de abertura e a inclinação em crescendo para a direita simboliza os valores de progresso que subjazem ao pensamento finlandês (Eis o espírito das Luzes. Outro ponto de exclamação parece aqui necessário: !).

Um trabalho do designer Timo Kuoppala. Quem gosta?

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Europeus - Outros epítetos


Estes epítetos que os Europeus se lançavam uns aos outros definiam uma espécie de retrato ou caricatura dos diferentes povos. Não se tratava apenas de preconceitos populares. Em escritos de homens de boa educação, encontram-se os mesmos preconceitos. Assim, Ulrich von Hutten, fidalgo alemão, amigo de Erasmo e autor de sátiras ferozes, em 1517: «Envio-lhe mais saudações do que há ladrões na Polónia, heréticos na Boémia, ordinários na Suiça, chulos em Espanha, bêbedos na Saxónia, cortesãos em Bamberg, filhos de Sodoma em Florença…»

Para Portia, que procura marido em O Mercador de Veneza, de Shakespeare, os napolitanos (cidade que quase se especializava na «exportação» de professores de equitação) só falam em cavalos. Os franceses são «todos os homens sem serem homens; se eu casasse com um francês, casava com vinte maridos». Os ingleses são distintos mas «quem quer casar com um manequim?» O ponto fraco dos alemães é a bebida («Nunca me casarei com uma esponja», diz Portia.)

Mesmo Erasmo, provavelmente o mais viajado dos homens do seu tempo, com amigos e correspondentes em todos os países europeus, não resiste a estes preconceitos. Para ele, os alemães eram grosseiros, os franceses, violentos debaixo de um «verniz de boa educação», os Italianos, vaidosos e falsos. Os ingleses bebiam imenso e eram, por isso, companhia perigosa.

O mais engraçado é que estas diferenças de comportamento eram também consideradas com finalidades, digamos, menos próprias. Em 1536, foi publicado por Aretino um «Diálogo no qual Nanna ensina a sua filha Pippa a fazer de puta». Uma das coisas para que Nanna chama a atenção da sua impaciente aluna é para que os hábitos e os gostos dos clientes variam com a nacionalidade ou com a região. Na verdade, segundo parece, uns são mais fáceis de contentar. E outros mais fáceis de roubar - o que, para Nanna e Pippa, tinha alguma importância.

Acho que ainda tenho idade para comprar este livro (mas só descobri, por enquanto, uma tradução inglesa, a encomendar pela Amazon, o que demora certo tempo) e aprofundar este aspecto das coisas!

Chuva e frio... e mais chuva e mais frio


Bruxelas, neste mês de Maio. Acudam-nos: estamos a ficar deprimidos.