quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Férias de Inverno

Vamos para o ski num autocarro como este. Todos: Inês e João vindos de Lisboa e, ao que parece com arroz de pato; Sofia, Diogo e Teresinha, de Paris; Trezzu, Dico e eu, numa viagem em BMW velhíssimo mas felizmente só de Bruxelas a Paris. (Esta família está bastante cosmopolita.) Ah! esquecia-me: a Kiddie também vai. Temos todos lugar no autocarro mas há que cortar nas bagagens.


Entretanto: que se vai passar lá em cima? Eu fico com a minha neta (babysitting), com a cadela, o meu iPod e três ou quatro livros! E o resto da família vai fazer sky ou snowboard. Esperemos que não se percam nas montanhas e que não façam asneiras como o cretino deste desenho!... Encontramo-nos à noite, eles estoirados, eu fresquinho! Estão previstas algumas raclettes. Até à volta!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Com uma piscadela de olhos ao João

Fotografia de banhistas na Póvoa do Varzim! Foi contra esta equipa que o Benfica perdeu...

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Alccolismo, tabagismo, peso a mais













Vasco Pulido Valente acha (no Público de hoje) que Cavaco é o único governante europeu que se atreveu a propor ao Parlamento que legislasse contra o alccolismo, o tabagismo, o excesso de peso e os estilos de vida sedentários. Diz mesmo que a nenhum outro homem público europeu, em nenhuma época e em nenhum sítio ocorreria «uma ideia deste inexplicável teor.»

Vasco Pulido Valente sabe escrever (o que não é a mesma coisa que alinhar palavras umas a seguir às outras) e tem sempre graça. Mas é injusto. O exemplo vem do Reino-Unido e desse outro paladino dos bons costumes que é Tony Blair. Esta ideia de o Estado nos impor modos de vida e nos defender contra os nossos demónios assenta numa espécie de moralismo presbiteriano que se cobre agora duma espécie de responsabilidade social perante os problemas financeiros dos sistemas de saúde e segurança social. Para além de não sermos boas rezes, custamos dinheiro. Eu, desta gente não gosto!

(Um parênteses, lembrando uma discussão com a Inês e o João, no Martin Pêcheur em Bruxelas, para dizer que concordo com a maioria das proibições dirigidas aos fumadores mas apenas porque, a partir do momento em que estão provados os efeitos do tabagismo passivo, não estamos a defender os fumadores de si próprios mas os não-fumadores de doenças que lhes são transmitidas.)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Filme sobre Agostinho da Silva na Orfeu (Bruxelas)



No próximo sábado, às 18 horas, na Orfeu - a livraria portuguesa de Bruxelas - tem lugar a projecção do filme Agostinho da Silva – Um Pensamento Vivo, realizado por João Rodrigo Mattos.

Do programa: «Filmado entre Fevereiro de 2001 e Setembro de 2003, em Portugal e no Brasil. Todas as cidades por onde passou nos dois países foram visitadas e os sítios onde esteve, filmados. Mais de 60 personalidades que privaram, trabalharam, estudaram ou escreveram sobre Agostinho foram entrevistadas. Acrescenta-se a isto uma pesquisa iconográfica, fotográfica e bibliográfica minuciosa, além de imagens de arquivo de todas as aparições do Prof. Agostinho da Silva na TV, nas décadas de 80 e 90. Realizado em colaboração com a Associação Agostinho da Silva (http://www.agostinhodasilva.pt/entrada.htm).»

Sobre Agostinho da Silva, que Eduardo Lourenço considera como o pensador mais original do século XX português, diz esta associação: «Herdamos uma vida, uma obra e uma mensagem singulares, que tocam o mais fundo do espírito e do coração de imensas pessoas em todo o mundo, originando um movimento cívico espontâneo de simpatia e interesse, a nível nacional, lusófono e internacional, pelo (seu) exemplo e (...) pensamento.»

Por mim, não esqueço aquele programa de televisão onde lhe perguntaram a sua opinião sobre a morte. Ao que ele respondeu: «Sobre a morte, não posso falar, porque dela nada sei: ainda não morri!» Teve graça mas é caso para dizer que, depois de ter morrido, também lhe seria difícil fazê-lo...

Livraria ORFEU
43, Willem de Zwijgerstraat
Rue du Taciturne, 43
1000 BRUSSEL-BRUXELLES - België-Belgique
(Metro: Schuman ou Maalbeek)
orfeu@skynet.be
www.orfeu.net

Minha neta



















E depois atirem-me pedras por andar babado com a minha neta. Os meus colegas, aqui no escritório, dizem que é mignonne mas eu digo que é linda! Pus a fotografia de cima como desktop do meu computador no escritório; e a de baixo (mas estas posições variam conforme os computadores) pu-la no meu telemóvel! Bem pode dizer-se que ando bem acompanhado!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Náusea: um artigo de Patinha Antão no Público de hoje

Sempre considerei Mário Patinha Antão – que apenas conheço pelas suas posições públicas e como um Secretário de Estado da Saúde de que ninguém falou ou fala – como um idiota. O artigo que publica, no Público de hoje, sobre o referendo do próximo fim-de-semana, sob o magnífico título «A virtù do voto» (Que delícia: Patinha Antão sabe falar italiano!) veio apenas confortar esta opinião. Mas o que mais me irrita é a clara desonestidade intelectual – a vacuidade do pensamento coberta por pobres e ligeiras referências científicas e filosóficas – dos argumentos alinhavados em favor da defesa do «não».

No seu artigo, Patinha Antão invoca Sócrates e Maquiavel, certamente com o objectivo de cobrir as suas razões como uma espessa camada de «patine» intelectual. E assim, segundo este reconhecido historiador da filosofia, Antão, «para os gregos, e sobretudo para Sócrates, a virtù consistia em cada um procurar ser habitual e moralmente excelente. Para os renascentistas, e sobretudo para Maquiavel, a virtù do Príncipe era a inspiração dos súbditos e o fermento da grandeza da Cidade». Poderia dizer-se que Sócrates não falava propriamente de virtù (ele, afinal, ao contrário de Patinha Antão, não conhecia o italiano) e, sobretudo, que sobre o conceito de «virtude», em Sócrates e Platão, se escreveram milhares de páginas – porque ele é reconhecidamente difícil. Para além disso, se alguma conclusão se pode tirar do ensinamento de Sócrates, é que o questionamento é o fundamento da vida moral e social: nada se pode aceitar sem que todas as suas razões tenham sido expostas e objecto de crítica. Quanto a Maquiavel, a frase de Patinha Antão só pode ser recebida como uma gargalhada. Se alguma coisa se pode dizer de Maquiavel é que ele não é, seguramente, representativo de quaisquer «renascentistas». A sua obra é profundamente original, pela sua recusa do cristianismo e pela subversão radical de princípios e métodos que implica.

Mas é esta a maneira de Patinha Antão. Acima de tudo, importa-lhe apresentar as suas credenciais: por um lado, homem culto e inteligente; por outro (então, eu até falo de Sócrates! até conheço Maquiavel!), homem razoável e imparcial. O seu método define-se pelos seguintes passos. Tratar este assunto de forma «elevada». Não cair na tentação da parcialidade. Analisar o problema em diversos planos. Utilizar o método socrático do questionamento permanente. Chegar, enfim, a uma conclusão.

Com o senão de que a conclusão estava definida de início; e que os argumentos expostos são apenas aqueles que se limitam a confirmá-la. Há um arremedo, uma imitação, de uma discussão. Mas não com o objectivo de descobrir a verdade mas simplesmente com o de comprovar uma opinião.

Assim, segundo Patinha, que nos ensina a ciência? Que há vida! Quer nos ensina o direito? «Na lógica da ética e dos afectos», que o direito do feto prevalece sempre sobre o direito da mãe. (E não esqueçamos que a ecografia das sete semanas tem um valor afectivo porventura ainda maior do que a ecografia das nove semanas.) Que nos ensinam os comportamentos? Que a mulher informada raramente abortará por ter acesso a toda a panóplia de meios contraceptivos eficazes (incluindo a pílula do dia seguinte) e que as mulheres menos afortunadas também chegarão a esse estádio superior se forem definidas políticas públicas eficazes. Finalmente, convém não esquecer que, se votarmos «sim», isso criará uma pressão insustentável sobre o SNS, sem garantias de confidencialidade e com aumento das listas de espera para outros actos médicos. E, sobretudo, que esse voto daria «um sinal de condescendência laxista, sobretudo às jovens adolescentes, empurrando-as, por leviandade, para relações sexuais fortuitas desprotegidas e substituídas pela pílula abortiva do dia seguinte, e para o crescimento em flecha do seu número de abortos, como aconteceu de resto em países que seguiram esta via.» QED

Ah! Quase me esquecia. O «sim» fala malevolamente em «interrupção voluntária da gravidez». O «não», corajosamente, chama as coisas pelo seu nome: aborto. Os portugueses que não se enganem: o que vão dizer é sim ao aborto.

Resta saber porque ando eu a perder cera com tão ruim defunto!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Grande Entrevista de ontem - Alexandre Quintanilha

Normalmente, não tenho paciência para assistir à «Grande Entrevista» de Judite de Sousa mas ontem abri uma excepção – parcial porque apenas lá cheguei a meio do programa, na sequência de um «zapping» solitário (crianças fora de casa, pouca paciência para as minhas leituras). O entrevistado era Alexandre Quintanilha. Conheci-o fugazmente quando trabalhei em Lisboa, no Ministério da Ciência e Tecnologia. Gostei das suas palavras sensatas, ponderadas e, sobretudo, moderadas, a propósito do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. É reconfortante encontrar em Portugal uma pessoa que não tenha, sobre este tema controverso, certezas absolutas e tonitruantes. À pergunta principal de Judite de Sousa, Alexandre Quintanilha respondeu sem rodeios: é claro que há vida a partir do momento da concepção, como é claro que há, até, vida mesmo antes desse momento. Nenhuma célula que hoje conhecemos deixa de ser, ou o resultado da divisão de células preexistentes ou o resultado da sua combinação. Mas essa constatação não permite resolver qualquer problema que seja porque há uma enorme diferença entre o feto de três ou quatro semanas e um indivíduo adulto, ou mesmo um bebé acabado de nascer. O feto não tem autonomia e, durante algum tempo, os sistemas neuronais ainda não estão desenvolvidos. Assim, uma coisa é saber se há vida (há!), outra coisa é saber a partir de que momento o embrião se pode considerar como pessoa e, como tal, beneficiar da protecção jurídica a ela atribuída. Não somente para a lei (nos meus tempos de estudante em direito, opunham-se os direitos dos concepturos – aqueles que ainda não tinham sido concebidos – aos dos nascituros – os concebidos que ainda não tinham nascido – e os destes aos das pessoas jurídicas singulares: a personalidade jurídica completa apenas começava com o nascimento) mas até – e ainda bem que Alexandre Quintanilha o relembrou –, e durante muito tempo, para a Igreja. Santo Agostinho e São Tomás discutiram a questão de saber qual o momento em que a alma entrava no corpo; e acrescente-se que, nessas reflexões, nem um nem outro propunham a data da concepção para esse acontecimento que determinava a qualidade de membro da espécie humana. E não se esqueça que, antes do baptismo, as almas não iam para o céu ou inferno mas para o limbo, porque a criança não baptizada era, para a Igreja, de certa forma incompleta: não tinha ainda sido tocada pela graça de Deus. Assim, recorrer ao argumento do início da vida é, neste contexto, quer para o que a afirmam, quer para o que a contestam, um forma cómoda de evitar discutir a questão essencial de saber qual é a nossa decisão, enquanto mulheres e homens, sobre este problema moral e social. Por isso mesmo é que, como também referiu Alexandre Quintanilha, nem a ciência nem a religião têm algo de fundamental a acrescentar ao debate sobre a interrupção voluntária da gravidez: esta é uma questão que os homens devem resolver em obediência aos valores que professam, e sobretudo mantendo uma atitude de retraimento porque, nestas como noutras matérias, o pior é pensarmos que temos resposta para tudo.

Se pudéssemos todos discutir estas questões com a elevação de Alexandre Quintanilha (e a sua modéstia intelectual não deve ser confundida com menor firmeza na defesa da sua posição, claramente favorável ao sim), o referendo seria seguramente recebidos com menos acrimónia, fosse qual fosse o seu resultado.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

De regresso

De regresso a este blogue depois de uma longuíssima ausência. Razões: em primeiro lugar, até 15 de Janeiro, férias ardentemente apetecidas, para mais num lugar sem ligação Internet; em segundo lugar, mudanças esperadas e desejadas no escritório, mas muito trabalho para me adaptar ao ritmo frenético - mas inteligente - de um novo chefe. Ou seja, exigem-me performances correspondentes à segunda curva (sem mesmo a desculpa dos fins-de-semana cansativos, a não ser que por leituras, música clássica e televisão) e a mim apetece-me trabalhar de acordo com uma mistura das duas: de acordo com a curva da juventude nos primeiros dias da semana e com a da (chamemos-lhe assim) maturidade nos últimos. Seria, pelo menos, a forma de ter tempo para me ocupar deste blogue.